Arcelina Helena
Pubblicato il 04-03-2009
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Arcelina Helena Públio Dias, jornalista desde 1968, foi repórter redatora no Jornal do Brasil, no Estado de S. Paulo e colaboradora em inúmeros jornais e revistas. Durante 11 anos ocupou o cargo de diretora e editora do Jornal do DIAP – Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar. E ainda o cargo de assessora de imprensa do Senado Federal, do Governo de São Paulo e da Coordenadora de Comunicação do Ministério do Trabalho, ao longo dos anos 1980. Como professora da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília, lecionou entre outras matérias jornalismo sindical e comunitário. Fez o seu mestrado na Sorbonne, em Paris, França e outros cursos de pós-graduação, em Paris, Brasília, São Paulo e Goiás.
Livro: Além do silêncio, Peregrinação ecumênica aos mosteiros da Europa
é como produzir um ícone.
É preciso antes rezar, meditar, jejuar
e, se possível, trabalhar cantando ou ouvindo os salmos.
É preciso que a alma fique repleta de Deus
para o texto transmitir a beleza do caminhar.
Penetrar na alma da Europa – através de sua história, sua arte e seus santos homens e santas mulheres, que através dos séculos, optaram por uma vida espiritual, aparentemente longe do mundo – é a proposta deste livro.
Os mosteiros que deram origem ao monaquismo ocidental, a partir dos primeiros séculos da cristandade, são testemunhas da sua importância ao longo da história do continente europeu. Alguns são sítios arqueológicos, abertos à visitação, testemunhando a presença do espírito na formação das diferentes culturas européias. A maioria, no entanto, está cheia de vida. Homens e mulheres, jovens ou beirando os cem anos, continuam vivendo de oração, contemplação, trabalho – quase sempre manuais – e integração profunda com a natureza. Monges e monjas vivem isolados ou em comunidades masculinas, femininas ou mistas, pertencendo a diferentes igrejas e religiões. Todos têm, no entanto, por primeiro objetivo, preservar a pureza da sua Fé, na procura da unidade profunda de seu ser, conscientes de que são apenas peregrinos nesta Terra.
A maioria dos mosteiros está no campo, mas há os localizados no centro de cidades grandes e pequenas. Parte deles possui hospedarias para acolher peregrinos e até mesmo turistas. Dezenas de guias turísticos dos mosteiros - alguns com edições esgotadas, em diferentes línguas – com informações sobre milhares de mosteiros espalhados pela Europa, comprovam que a humanidade do século 21 continua procurando os mosteiros.
A pausa, o espaço de silêncio, a oração, a harmonia e a integração com a natureza, a beleza das liturgias comunitárias, o acolhimento fraterno. Isto é o que oferecem os mosteiros à angustiada humanidade, bombardeada por conflitos armados e informações sobre guerras, temores e inseguranças, barulhos de toda ordem. São os mosteiros, abadias, ashrams, eremitérios, fraternidades, em tudo diferente dos hotéis, de uma ou cinco estrelas, das viagens de sempre.
Este livro dá continuidade a um projeto de peregrinação ecumênica de 500 dias entre os pobres e excluídos dos cinco continentes, iniciado no ano 2000. Dois livros já foram escritos: “Sinais de Esperança”, 90 dias pelas três Américas, e “Perdão África Perdão”, quando peregrinei por 120 dias na África e no Oriente Próximo. Na Europa, em lugar de estar com os excluídos pela ordem econômica e social, fui acolhida por homens e mulheres que escolheram se auto-excluir. Convivi com monges e monjas que livremente se distanciaram do mundo para, na procura da unidade com o Deus de sua Fé, estar mais aberto ao outro e ao sofrimento da humanidade.
Na condição de hóspede, aproximei-me de simples fiéis e leigos que procuravam os mosteiros para viver, por um período, o silêncio e a oração, longe do corre-corre de suas vidas cotidianas atarefadas. Passei por oito países – Espanha, Irlanda do Norte, Inglaterra, Bélgica, França, Itália, Suíça e Romênia – e 13 mosteiros de diferentes espiritualidades (carmelitas, beneditinos, seguidores de Charles de Foucauld, Taizé, Bose, budistas), de diferentes igrejas (Católica, Anglicana, da Reforma), e de diferentes ritos (romano e ortodoxo). Além dos mosteiros masculinos e de outros só femininos, visitei quatro mosteiros mistos.