É possível nadar contra a corrente, é possível ser santo! (Canonização João XXIII e João Paulo II)

Pubblicato il 30-04-2014

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Roma, a cidade eterna. Para onde quer que nos viremos, encontramos recordações de pessoas que passaram por ali antes de nós. Santos, políticos, soldados, mártires... Pessoas de carne e osso como nós, que pisaram aquela mesma terra, que viram o sol daquele mesmo ângulo.
No dia 26 de abril de 2014, sábado, cerca de 10 horas da noite, a multidão já começa a se aproximar da Via della Conciliazone, a rua de ingresso da Praça São Pedro, que será aberta às 5h30 da manhã para a canonização de João XXIII e de João Paulo II, marcada para as 10h do domingo, dia 27 de abril. No começo, as pessoas tentam delimitar o seu “espaço vital”, estendendo seus colchonetes e preparando-se para passar a noite. Porém, por volta da meia-noite, por um aparente erro na estratégia de segurança, a multidão acaba espremida e quase sem espaço nem para se sentar. Em meio a todos, estão algumas crianças, muitos jovens e tantos, tantos, tantos idosos. Muitos passam mal e precisam ser retirados. Apesar de tudo, os enormes grupos de polacos se mantém firmes e cantam quase incessantemente a canção que em português conhecemos assim: “Senhor, tu me olhaste nos olhos / A sorrir, pronunciaste meu nome / Lá na praia eu larguei o meu barco / Junto a ti buscarei outro mar”. Só às 8h da manhã conseguimos entrar na Praça, e muitos ainda estavam atrás de nós.

Finalmente, a missa começa. Primeiro, entra Bento XVI. Em seguida, todos os cardeais entram e o cumprimentam. Por último, entra Francisco, e toda a multidão consegue sentir o calor do abraço entre o antigo e atual papa.  

A fórmula da canonização é muito simples: a Igreja pede três vezes que os beatos sejam declarados santos, e o papa responde invocando o Espírito Santo e declarando a santidade dos beatos. O rito é em latim, mas todos acompanham em um livreto que foi distribuído com a tradução em italiano e em inglês. Toda a missa transcorre de forma muito sóbria, também em respeito ao sacrifício feito por todas as pessoas – e sobretudo por todos os idosos – que estavam ali.

As imagens de João XXIII e de João Paulo II estendidas na fachada da Basílica de São Pedro chamam a atenção pela sua vitalidade. Eles não viveram tanto tempo assim antes de nós. Como disse o Papa Francisco, os dois viram o mesmo século, os dois viram as dificuldades e os sofrimentos do homem moderno. Os dois testemunham que em qualquer época, seja nos tempos da Roma antiga ou nos tempos de hoje, é possível nadar contra a corrente, é possível fazer a diferença, é possível ser santo.

A alegria e a determinação dos polacos é contagiante. Ao contrário dos italianos, que têm incontáveis papas e santos entre os seus conterrâneos, eles têm sede do reconhecimento dos exemplos de sua terra. Eu, brasileira, os entendo. Karol Wojtyła nasceu entre eles, viveu entre eles, e naquele dia estava recebendo o reconhecimento máximo de que foi um dos maiores homens do seu – e do nosso – tempo. Ele conseguiu. Eles podem conseguir. Todos nós podemos.

Quando a missa termina, a multidão toma conta de Roma em clima de festa. Até a noite os grupos são vistos caminhando e agitando suas bandeiras. A festa continua até o dia seguinte: às 10h da manhã, os polacos novamente lotam a Praça São Pedro para participar da missa de ação de graças pela santidade de João Paulo II, celebrada pelo Cardeal Angelo Comastri. Apesar do cansaço, todos se sentem com as forças renovadas: é essa estranha energia do “é possível” que nos impele continuar lutando.
Thais dos Santos Domingues
Turim, 28 de abril de 2014

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