A sua alma, como está? (Carta aos amigos - Ernesto Olivero)
Pubblicato il 07-04-2014
Caro amigo,Eu gostaria de ter a graça de me comunicar intimamente com você, como se esta carta tivesse sido escrita só para você. A sua alma, como está? A inquietude, as dúvidas vivem ainda em você?
Se você conseguisse se abandonar, sentir-se na Presença de Deus em cada momento, se sentisse que Deus ama você mesmo, que Ele tem uma atenção íntima só para você, a inquietude passaria e você se sentiria tranquilo do “sim” que dá a Ele, se sentiria em paz em todos os momentos do dia.
Eu gostaria que a inquietude e as dúvidas que ainda o aprisionam fizessem parte do passado e que o novo fosse o dom que o Senhor lhe dá hoje.
Eu gostaria que a sua alma se aquietasse definitivamente e dissesse: “Sou de Deus”. Eu gostaria que você sentisse fisicamente a presença de Deus que o ama, que conta com você, que se alegra com você, que a cada passo o encoraja. Eu gostaria que você sentisse que a fidelidade de Deus a você é eterna, sentisse que Deus é louco por você.
Não são pensamentos de um exaltado, meu amigo, são palavras conscientes. Já mudamos um pedaço de mundo juntos, mas com esta carta, permita-me pensar, permita-me imaginar, eu gostaria que você pudesse dizer: “Encontrei aquilo que eu procurava, eu o tinha perto de mim e finalmente entendi”.De agora em diante você pode viver com Deus, sentir fisicamente a Sua presença, a mão Dele segurando a sua, o Seu calor que o protege. Ele está com você até mesmo quando o mal quer mostrar-lhe o contrário e faz a sua mente se fechar em torno de pensamentos de desconfiança: não sou feito para Deus, o que estamos fazendo é inútil, este sofrimento é demais para mim...
Caro amigo, não se desencoraje nunca mais. Com o Seu amor Deus quase prevê os passos errados que você pode dar. Na luta entre o bem e o mal, você pode se sentir vencedor, porque Deus está com você.A palavra de Deus vem ao nosso encontro para assegurar que somos Seus, que somos amados por Ele, que somos escolhidos por Ele e que a Sua bênção está sempre sobre a nossa vida: “Eu te chamei pelo nome (...) Tu és precioso aos meus olhos, porque és digno de estima e eu te amo. (...) Eu te farei estar pronto à ação mesmo que você não me conheça” (Is 43,1b.4a; 45,5b).
Durante este mês o Senhor veio ao nosso encontro com sinais de graça muito especiais, como a decisão do 4º Encontro dos Jovens da Paz no dia 4 de outubro, festa de São Francisco, em Nápoles. Uma decisão que chegou inesperadamente, mas penso que o Senhor já a tinha em mente desde sempre para levar paz ao mundo inteiro partindo de uma cidade: “Eu coloco nos lábios: Paz, paz àquele que está longe e àquele que está perto, diz o Senhor. Sim, eu o curarei!” (Is 57,19).Devemos chegar a esse Encontro com o espírito de converter a nós a mesmos para podermos propor sem palavras, só com a nossa presença, uma conversão que elimine os tantos julgamentos e preconceitos. Não estaremos em Nápoles porque é uma cidade mais difícil que as outras, não instrumentalizaremos o seu sofrimento por nenhum motivo. Seremos simplesmente serenos e silenciosos.
“Curvando-se irão a ti, os filhos daqueles que te humilhavam, prostrar-se-ão a teus pés, todos os que te injuriavam. Eles te chamarão ‘Cidade do Senhor’, ‘Sião do Santo de Israel’. Em vez de seres abandonada, odiada e sem nenhum viandante, eu farei de ti o orgulho dos séculos, o entusiasmo de todas as gerações” (Is 40,14-15).
O Senhor se alegra porque já vê os frutos que existirão. Já vê tantas conversões, já vê o bem que parte de Nápoles porque viu que o “envia-me” encontrou em nós uma casa, que a conversão que pedimos muitos de nós já a fizeram: “Ouvi então a voz do Senhor que dizia: ‘A quem hei de enviar? Quem irá por nós?’ e eu disse: ‘Aqui estou, envia-me!”. Ele disse: ‘Vai, dirás a este povo’” (Is 6,8-9a).
Caro amigo, sinto tanta confiança em Deus e tanta comoção pelas pessoas que cada vez mais estão perdendo a esperança e inconscientemente se abandonam ao pessimismo, ao derrotismo:“‘Sentinela, quanto resta da noite? Sentinela, quanto resta da noite?’. A sentinela responde: ‘Vem a manhã, e depois ainda a noite; se quiserdes perguntar, perguntai, convertei-vos, vinde!’” (Is 21,11-12).
Volta à minha mente a frase de um homem de Deus que vive em meio às pessoas oprimidas pelo poder violento da máfia: “Estou farto de ver pessoas morrerem esperando que as coisas mudem, e não mudam nunca”. Não é um render-se, é um grito de dor que torno meu: “Senhor, ajuda-nos! Que não nos sintamos nunca abandonados neste tempo, ajuda-nos!”.
Caro amigo, não esqueçamos a última carta de Madre Teresa, reencontrada no nosso arquivo depois da sua morte, quase uma mensagem sua do Paraíso: “Caro Ernesto, devemos tomar Nossa Senhora conosco e junto a ela ir à procura das crianças, dos jovens, para levá-los para casa”.Desde então confiamos a Nossa Senhora a proteção de cada instante do Encontro Mundial dos Jovens em Nápoles, de agora até a sua data, da sua data até a eternidade.
Nestes dias estou percorrendo o mundo, mas não sinto cansaço, sinto uma nova força que não é minha, sinto novas palavras que me saem da mente, do coração: Nápoles canta. Devemos cantar com Nápoles e fazer que este canto se torne uma oração intensa, cheia de confiança, cheia de reconhecimento.
Eu o bendigo, caro amigo, e que você também me bendiga!
Ernesto, Turim, 30 de março de 2014