...aquele manto vermelho

Pubblicato il 16-04-2012

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Foi bonito, nas fotos publicadas pelos jornais, ver o rosto de Gilberto, Aristide, Milton, Newton e dos demais atores que encenaram a Via Sacra da Pastoral do Povo da Rua. Vestidos como soldados romanos, com um manto vermelho e a armadura dourada, apareceram nas paginas da “Folha”, do “Estadão”, do “Diário de São Paulo”... 
Tudo começou com a proposta do padre Júlio: encenar a Paixão de Jesus caminhando pelas ruas da região conhecida como Cracolândia, lugar de paixão e de sofrimento por muitos jovens que estão perdendo a vida por causa do crack. 


Os vários grupos e movimentos que participam da Pastoral, se disponibilizaram para preparar as diversas estações e nós do Arsenal nos responsabilizamos pela momento, narrado pelo Evangelho de Marcos, em que Jesus foi zombado pelos soldados
Os encontros de preparação começaram o mês passado. Aquele trecho da Paixão segundo Marcos (15, 6 – 20) foi lido uma, duas... cinco dez vezes, até sentir que aquelas palavras estavam falando algo também para nós, para as as vidas das 15 pessoas que aceitaram esse desafio: “...também eu me senti zombado quando cai de novo na droga e voltei a usar. Eu tinha prometido que ia parar, mas não consegui. Todo mundo então começou a rir das minhas promessas, a rir de mim”. 


Depois do primeiro pronunciamento, outros quiseram falar: “Eu também me senti zombado! Quando vou a procura de um emprego, não apenas falo que moro num albergue, muitos começam a rir de mim e me mandam embora”. “Eu não consigo andar e tenho que usar uma bengala. Sou idoso e para mim andar nas calcadas ou subir num ônibus está se tornando sempre mais difícil. Pela minha lentidão muitos riem e zombam de mim”.
“Para mim foi diferente. Fiquei anos na cadeia, porque me envolvi com o trafico. Finalmente sai, mas agora descobri que meu filho acabou preso pela mesma razão e muitos riem da nossa situação”. “Muitos dos meus companheiros ficam ai parados. Eu não consigo. Quando vejo que precisa de ajuda, eu me coloco a disposição, por isso os outros me chamam de puxa saco, e zombam de mim”. Cada um tinha pelo menos um episodio que o machucou e continua sendo uma ferida aberta: “zombaram de mim”. 
“É isso mesmo que iremos dizer na Sexta-feira Santa...”. Todos concordaram: ninguém queria se esconder ou recitar uma parte. Fechamos com cinco pessoas e cinco histórias. Depois apareceu também o José, de cabelos compridos e rastafari. Todos apontaram para ele: “Jesus chegou! Tem que ser ele”.


Mais seis pessoas se ofereceram para ser soldados romanos. Os primeiros ensaios não foram tão simples, aliás, foi bem complicado. Os nossos soldados continuavam falando “por favor... com licença...”, muito gentiis para acreditar neles. Foi assim que decidimos reassistir ao filme “A Paixão”. Precisava encarnar a parte pior de nós, sem nenhum desconto... Algo aconteceu: João começou a gritar com mais força “abram o caminho!”, os outros soldados gritaram mais forte ainda: “sai fora” empurrando Jesus. E a representação foi se ajeitando...


Nas semanas seguintes uns faltaram por causa de bicos e compromissos, mas outras pessoas foram aparecendo e mantendo a ideia e o grupo de pé. Precisava pensar como encenar a zombaria contra Jesus. Surgiu a ideia de realizar a coroa não os espinhos, mas o lixo! Gilberto montou uma coroa feita de pedaços de latinhas vermelhas: “...como a cor do sangue”. Enfim precisava decidir que manto colocar em Jesus. Lorenzo sugeriu de realizar um manto muito grande, embaixo do qual pudesse ficar todo mundo. Foi assim que cada protagonista levou um pedaço de manto e, depois de sua fala, ia juntando seu manto com o de Jesus, ficando atrás dele. Depois de cada pronunciamento o manto aumentava até que todo mundo era convidar a se aproximar ou ficar embaixo do manto, símbolo da dor por cada zombaria e, sobretudo, da dor que também Jesus suportou. 
Ele veio principalmente para aqueles que neste mundo são zombados e abandonados. Embaixo de seu manto tem espaço para todos, todo mundo pode encontrar alivio e um pouco de paz.  
Repetimos a encenação várias vezes, na Cracolândia e também para os amigos da nossa comunidade paroquial, que ficaram atentos e em silêncio. Depois, todos tiraram as armaduras e os panos de soldados. As feridas da vida ficaram, mas agora sabemos que podemos encará-las: juntos, sabendo que Jesus está conosco! 
Marco Vitale – Fraternidade da Esperança

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