Biblioteca do Arsenal: um Concurso Literário... internacional!

Pubblicato il 15-12-2013

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Muita atenção, alegria e também emoção. Assim foi a premiação do Concurso Literário 2013 realizado ontem (14), no Arsenal da Esperança. Logo após a celebração da Missa, foi relembrada a importância e a tradição desse concurso. Em seguida, os participantes foram chamados à frente para a divulgação das colocações e para a premiação e a entrega dos certificados. A cada nome falado, um caloroso aplauso. 

O destaque foi para Moussa Sangaré, do Mali, que ficou em segundo lugar na categoria Língua Estrangeira e que escreveu uma linda carta da mãe África dirigida ao mundo todo para que todos os países cuidem dos filhos desse continente que continua a enfrentar grande s dificuldades, sofrendo a calamidade da guerra, da fome e de uma nova diáspora. A leitura dessa carta, primeiro em francês pelo próprio Moussa e depois em português pela Sônia, professora voluntária de português no curso para os estrangeiros, causou emoção e grande respeito. Foi verdadeiramente um momento de integração e de estímulo à convivência que parte de uma casa que atualmente acolhe cerca de 250 estrangeiros, entre africanos, latinos e caribenhos de mais de 20 nacionalidades diferentes. 

O concurso literário foi promovido pelos voluntários e voluntárias da Biblioteca. O tema era livre e foram premiados os três melhores textos de língua portuguesa e os três melhores textos de língua estrangeira. Inscreveram-se 23 acolhidos da casa, que por participarem já foram todos vencedores!

Seguem os textos do Sangaré, acima mencionado, do senhor Paulo de Oliveira, primeiro classificado na categoria Língua Portuguesa, e do Amadou Ibrahim, da Guiné-Conacri, primeiro classificado na categoria Língua Estrangeira. Os outros textos serão afixados no mural da Biblioteca do Arsenal. Boa leitura e, mais uma vez, parabéns a todos os participantes!

A mensagem de uma mãe negra (de Moussa Sangaré - Mali) 

Meus filhos queridos, esta é a mensagem que eu envio ao mundo todo. Ela é endereçada a todos vocês, em qualquer lugar onde estejam. Contra a minha vontade, e por necessidade, vocês foram tirados de mim. Vocês partiram daqui como escravos e não como nobres que são. O sangue de vocês está sendo derramado para construir um continente e transformá-lo num paraíso. Quanto a mim, África, cortam-me a cabeça, os braços, os pés, até que eu envie meu último filho, do qual estou grávida, para que se refugie entre vocês. Não existe um hospital para curar a África. Entre a vida e a morte, quero pedir a todos que acolham bem estes meus filhos, seus irmãos. Ajude-os em suas necessidades, permita-lhes ter os mesmos direitos que vocês. E eu estou certa de que o povo do Brasil, como o de São Paulo, todos os anos os homenagearão no dia 20 de novembro, quando se comemora a Consciência Negra. Peço a todos vocês que me amam, que venham visitar-me pelo menos uma vez em suas vidas. Poderão assim conhecer a África e sua cultura. 

Uma esperança em meio ao concreto! (Paulo de Oliveira - Brasil)

Quando um dia começar: surge também uma esperança; afinal estamos vivos, e, este é sem dúvida o maior milagre que acontece ao abrir-se os olhos para contemplar as obras do criador.

Aqui é madrugada, mas logo o vazio das ruas e o silêncio deram lugar ao cântico de pássaros que anunciam mais um amanhecer, aqui se ouvem passo em todas as direções, passos que levam e trazem os sonhos de quem chega e de quem parte todos os dias.
Aqui já foram contadas muitas histórias de quem chegou e abraçou uma nobre causa em tempos difíceis que estarão registradas em cada tijolo e espaço que traduz uma geração de imigrantes.

A história continua a ser contada, porque em meio ao concreto cinza desta cidade estarão abrigadas as nações de todo um planeta que precisa de um Arsenal de Esperança que arma os homens que aqui chegam com a boa vontade de reencontrar um sonho.
Hoje, aqui para mim e para muitos é o marco zero, das portas que se abriram, trazendo uma oportunidade aos que se juntam num mesmo propósito de buscar o que se havia perdido.
O momento é agora, e como quem busca uma sobriedade em meio as dificuldades, espero alcançar aquilo que talvez tenha sido roubado quando perdemos uma identidade, trocada por números.

Aqui estou, e este é o lugar, de homens, seres humanos que desejam despertar para uma nova oportunidade de crescer em meio a indiferença de poucos que dominam muitos.
Aqui é o Arsenal da Esperança

Um lugar que arma os homens de boa vontade!

Um novo sol, um novo dia (de Amadou Ibrahim - Guiné-Conacri)

Um novo sol se levanta
Num novo dia
Num país distante
Neste novo horizonte, alguns me julgam pela minha  aparência
Pela minha cor escura
Não veem que, mais importante que minha pele
São as competências e experiências que trago dentro de mim.

Estou longe de tudo que amo
E se você não vê minhas lágrimas
É porque elas estão contidas dentro de mim.

Eu não nasci num castelo
Saboreando doces, brincando de ser herói,
Dono de contas cheias de zeros no banco...
Mas também não nasci num gueto,
Mesmo que o momento atual faça de mim
Um homem em situação de rua.

Se me ajoelho para orar
Não é a prece de quem se sente abandonado
Considero-me um afortunado  
Este combate eu o levarei até o fim
O  resultado só Deus sabe...
Com o espírito alimentado pela esperança, eu perseverarei.

A vida não é fácil
E nós não temos as mesmas cartas para jogar
Mas tenho a fé e a coragem
Que são minhas armas e  minha força nesse combate.

Lembro-me constantemente de uma bela citação que diz:
“A nossa grandeza não consiste em jamais cair,
Mas sim em levantar a cada vez que caímos.”

A vida continua...

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