Carta aos amigos (Outubro 2012)

Pubblicato il 27-10-2012

di ARSENAL DA ESPERANÇA

No retiro de hoje, 27/11, terminamos com a leitura da carta de Ernesto Olivero, dirigida à Fraternidade da Esperança e a todos os amigos.  

Caros amigos,
Uma mãe faz o impossível para fazer com que a sua criança, que não quer tomar o remédio, abra a boca. Inventa fábulas incríveis, até que a criança maravilhada abra a boca e ela, rápida que nem uma águia, lhe dá o xarope amargo.

Caros amigos,
Eu, para vocês, invento histórias incríveismas as minhas são verdadeiras – para que cada um de vós abra o coração. Somente se abrimos o coração, Deus entra em nós, encontra casa nas nossas vísceras. E se permitimos a Ele de entrar, é certeza que nos tornaremos a sua tenda e o nosso “eu” desaparece. Então começaremos a crescer com Ele dentro de nós. Ele em mim. Ele se torna presença no nosso dia, torna-se o eixo em volta do qual nós rodamos. (...)

Para demostrarmos que existimos não precisamos do fazer a qualquer custo, nem de um poder pequeno ou grande que seja. Existimos porque Ele está em nós. Pois é Dele que provém a atividade incansável; graças a Ele nos tornamos para os pobres uma casa segura. É porque estamos com Ele que os pobres mudam, porque através de nós percebem que é Ele quem age. Por isso também eles, em muitos, escolhem Deus. Mas isso acontece somente se o nosso coração estiver aberto, sempre aberto, como a porta do Sermig.

Quero fazer um exemplo pelo qual tenho muito carinho. Se vivêssemos como dirigimos o carro, seriamos humanamente perfeitos. No carro não podemos distrair-nos: tem o farão vermelho, logo paramos. Um pedestre está no meio da rua, nós freamos. Um outro carro nos supera, nós o deixamos passar. Normalmente somos atentos, dóceis, respeitosos.

Se vivêssemos na presença de Deus, se Ele nos habitasse como uma tenda no deserto, nos tornaríamos uma força que nos daria a capacidade de ser algo que está além de qualquer expectativa  nossa. Se o amassemos, seriamos a Sua consolação. Se por amor permanecêssemos com Ele, o seu bom conselho estaria constantemente conosco. 

Isso nós já o sabemos, porque o experimentamos, porque Ele nos guiou na realização de coisas que nem poderíamos sonhar. Mas a cada momento é preciso renovar um ato de humildade que é, também, um ato de sabedoria. Devemos ter consciência que sem Ele, estaríamos apenas aprisionados em nosso “eu”, pronto a se tornar o nosso túmulo, o sepulcro de cada nosso talento.

Não gosto de falar poeticamente. É a poesia que me encontra. Aqueles que escrevo são contos verdadeiros, não são palavras para surpreender. No meio de nós podem chegar ainda muitas graças, muitas vocações, mas isso somente se, a cada instante, nos re-apaixonemos por Deus, se vivemos como amantes da Sua Vontade. E a sua vontade é a nossa, se Ele vive e passeia dentro e no meio de nós.

Caros amigos,
estou convencido que Deus queria concretizar, através de nós, algumas suas palavras que ainda, talvez, estão procurando se encarnar. O que significa concretamente? Significa que não sou cristão quando falo como um ator que decorou o Evangelho e a Palavra de Deus. Sou cristão quando, ainda que não tenha respostas, compartilho, sofro, choro até com aquele que não consigo ajudar. As palavras se tornam carne quando em frente a um homem cheio de dúvidas, não o encho de palavras, mas calo e escuto. E as poucas palavras que usarei, serão somente de respeito, paciência, as mesmas que gostaria de ouvir no lugar dele. 

As palavras se tornam carne, quando perante um rico não aponto o dedo, mas o ajudo a descobrir, com a minha vida, a possibilidade de utilizar a riqueza para criar riqueza, para construir escolas, cultivar dignidade. As palavras se tornam carne quando diante de quem errou, o meu carinho se torna ainda mais verdadeiro, o meu preconceito se aniquila, o meu olhar se torna logo um abraço. 

Tudo isso pode acontecer, se nos tornarmos amantes de Deus. Então, o que acontecerá, alegria e dores, contribuirá para que nos tornemos mais Dele, acrescentará a nossa amizade com Ele. Poderemos dizer: “Nós a vela, Tu o vento”. Continuará a empurrar-nos com o seu sopro e a fazer-nos outras promessas. 

Isso acontecerá se o nosso coração permanecer aberto a Ele para pedir ajuda e conselho, a força de superar as adversidades e, mais ainda, os sucessos, sem perder a paz. Todos os tijolos que colocamos devem ser plenos de oração. Cada ação feita a qualquer um deve ser embalado invisivelmente com a oração. Assim, o nosso olhar mudará, lentamente, apesar de nos mesmos. Permitirá que se enxergue a Sua amizade. A carne não terá satisfação, mas será santa quando nela nos tornarmos mais humanos, abertos a cada miséria que nos procurará. 

Com o tempo, desarmei-me. Não conheço mais a competição, com nada e com ninguém, a eliminei. Não olho mais ninguém pelo aspecto ou pelo hábito, mas no coração. Ali posso encontrar a sua riqueza que me faz rico, a sua bondade que me edifica, a sua malícia que não encontra espaço em mim. 

Desarmei-me do meu tempo, do meu dinheiro, do poder. Desarmei-me dos inimigos. Não preciso deles. Reconheci-me feliz em servir, feliz em escutar, feliz em ser correto. Feliz de ser de Deus, de ter me deixado encontrar por Ele, de sentir-me Dele e de sentir-me amado. Sou simplesmente uma pessoa. Um amigo.

Sinto que Deus nos quer Dele. Deixamos que Ele aja. Também Ele ficará surpreso com nossa docilidade. Quer se servir de nós neste tempo, entre os mais difíceis da história. Mas é quando os tempos são complicados que são os tempos de Deus. E o tempo é este.

Deus nos pede ajuda para a Igreja. Para ela, para que ressuscite como Ele quer, queremos nos ajoelhar. É nossa mãe. Devemos fazer uma campanha de oração pela Igreja, para os sacerdotes que se perdem, por causa do poder que faz perder a bussola do Evangelho. De hoje em diante, façamos com que os nossos sofrimentos possam dar frutos. Vamos oferecê-los para que a Igreja volte a ser nova. Sinto a presença de Deus também neste desejo. Pode se tornar realidade, mas somente se nos encontra abandonados, a serviço porque somos apaixonados por Ele.

Gostaria que as pessoas pudessem dizer: aqueles do Sermig são os apaixonados de Deus. Gostaria que o amor que vivemos se tornasse contagioso. Que as pessoas dissessem: “Eles são apaixonados, podemos sê-los também nós”. Gostaria que o dissessem sobretudo os jovens, os nossos jovens, os “acabados”, os “massacrados” do mundo. Eles são o que de melhor podemos levar a Ele. Os “perdidos” são o sonho de Deus e nós este sonho o queremos realizar com os nossos jovens.
Ernesto Olivero
Turim, 4 de outubro de 2012, festa de São Francisco


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