Carta aos amigos (Pentecostes 2010)

Pubblicato il 11-06-2010

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Jesus, gostaria de abandonar-me a Ti.
Mas como pode um pobre homem
compreender como se abandonar?
Quantas vezes aquilo que eu acreditava ser abandono
era fazer emergir o meu parecer.
A Tua fidelidade para comigo
eu sempre a senti,
sempre a vi.
Gostaria de abandonar-me para Te agradar
porque é possível
dizer ao próprio Deus:
Te amo.
Ajuda-me a abandonar-me.
Sinto que somente no abandono
podemos trabalhar juntos,
Posso seguir-Te,
fazer-me seguir.

Queridos amigos,
Cada um de nós disse há tempo o seu sim, mas hoje peço a cada um de dizê-lo novamente como na primeira vez. É necessário que o sim de cada um seja exclusivamente de Deus, é necessário lembrar intimamente a grande luz, a grande clareza que acompanhou os nossos sins, para compreender que talvez hoje eles possam estar um pouco carregados, podem estar sendo sins formais, aparentes. O sim de Deus cria amor, cria simpatia e atrai novos sins; o sim duro e formal cria somente dureza, alimenta somente o cansaço e afasta de Deus.

Queridos amigos, continuo pensando que nós somos uma fraternidade “fundada por Deus”; para mim é realmente assim, o Sermig foi fundado por Deus: ninguém de nós poderia imaginar uma história tão bonita, exclusivamente de Deus, “uma história sagrada”. Continuo a pensar que nós podemos somente ser especiais e nada mais; se formos outra coisa não somos Sermig e é especial somente se a oração torna-se o nosso respirar. Penso que também quem de nós é duro e envelhecido por dentro, se estiver ciente disso, com a oração continua pode rejuvenescer, pode dizer novamente o sim e fazê-lo se tornar puro e entusiasmado como no inicio. Não posso pensar que não seja possível, nós temos um Deus que não tem a palavra impossível em Seu vocabulário. Volto a dizer que devemos ter mais cuidado com o nosso sim, fazê-lo se tornar de Deus. Mas não nos deixemos tomar pela retórica, o seja de verdade!

Com esta carta também eu retomo o meu sim para traçar melhor o caminho pensado por Deus para mim; através do meu exemplo, também vocês poderão retomar o vosso sim e segui-lo. Quero caminhar direto ainda mais em direção a Jesus e quero caminhar direito e com segurança: para isto o Senhor me quis e me chamou. E eu gostaria de não desiludi-lo.

Na história de Deus cada um de nós tem o seu lugar: pode tornar-se um cientista, um santo, um novo industrial, um pai de família e graças a Deus pode viver simplesmente como um cristão, pode tornar-se prefeito de uma cidade, estadista e permanecer sempre e somente um amigo de Deus, que vive o seu dom como serviço. Repito sempre que, conosco, limpar os banheiros e aparecer em um grande encontro é a mesma coisa. Sinto que a nossa fraternidade é um rebento novo em uma arvore antiga, é um rebento de cristianismo vivido simplesmente, em um ocidente consumista, em plena decadência. Porém muitos de nós ainda não cresceram, porque faltou a oração continua, faltou a obediência continua: oração e obediência são a chave indissolúvel da fidelidade.

Deus não fez a criação finita; doou-a a nós para que a completássemos. Nós com a nossa soberba, ao invés de subjugar a terra, amando-a, estamos fazendo o impossível para destruir tudo. Deus nos inventou porque somos um sinal de esperança e de paz, quer exatamente nós, pequena fraternidade, e nas Suas mãos o pequeno pode tornar-se grande.

Queridos amigos, não me basta que sejamos assim para muitos que nos vem de fora e nos observam, desejo que sejamos assim especialmente entre nós, em fraternidade, em família; somente se formos de verdade, intimamente assim entre nós, nos tornamos testemunhas e podemos dizer que o mundo pode mudar.

Nesta história tão bonita muitos de nós ainda estão parados. Mas estão parados por uma escolha do seu próprio eu. É uma história do homem e da mulher que, apesar de todas as recomendações e todos os dons, continuam firmes pelo caminho velho. No mundo a cada dia milhares de pessoas morrem de fome, dezenas de crianças desaparecem... a história de sempre. Ainda assim Deus continua a esperar que algum homem, alguma mulher – Ele gostaria que fossem todos – abrissem finalmente os olhos. Porque quem abre os olhos vê, escuta, busca compreender a história para não repetir os mesmos erros.
Por isso esta carta, escrita para o Pentecostes, intitula-se “Um novo verdadeiro inicio – a carta do sim.”

Senhor, Tu continuas a esperar que o homem torne-se canto novo. Senhor, Tu me destes um amor indomável que permitiu também a mim continuar a esperar, apesar das lagrimas, desilusões, fraquezas. E eu sobre a sua palavra, sobre a certeza do Teu amor, continuo a pensar que céus novos e terra nova possam ser, não em um tempo indefinido mas agora, em nosso meio. Às vezes me fazes ver, me fazes viver, me fazes tocar com as próprias mãos.

Penso que o novo caminho que nos convida a percorrer deva ser como o antigo caminho, quando os últimos vinham a Ti porque os cristãos estavam entre os poucos, talvez os únicos, a acolhê-los, a fazê-los sentir os prediletos. Podemos portanto ter a certeza de estar no novo caminho somente se cegos e mancos estiverem constantemente entre nós. Se não estiverem relegados em lugares especializados. Lugares, às vezes, criados exatamente para tê-los longe dos nossos olhos.

O novo caminho não celebra em um dia especial do ano a lembrança extraordinária da paz, do trabalho, do estrangeiro, do portador de deficiência... Os dias especiais do ano são para nós como qualquer dia. Todos os dias é festa das mães, dos pais, dos doentes... porque todos os dias é festa de Deus, é festa de agradecimento pelo amor que Deus me deu e, portanto, a festa da restituição. Uma festa na qual sou eu que desejo restituir, desejo ser digno da festa e para isso me empenho.

Ás vezes, o meu operar está no reconhecer que sou ainda pequeno mas que tenho amigos ótimos. Então a minha participação está no prazer de ter amigos assim. O ciúme, ao invés, deve me dar medo: na história matou muitos amores, muitas comunidades. Também pessoas aparentemente insignificantes, se vivem o próprio amor sem ciúme, descobrem talentos que não pensavam ter. Pessoas que são uma “obra de arte”, ao invés, mas ciumentas umas das outras, juntas, destroem-se reciprocamente. Gostaria que isto não acontecesse nem à nossa nem a qualquer outra Fraternidade.

Nestes dias estou preparando um dossiê sobre a nossa história e fico sem palavras ao constatar tantos gestos que as pessoas nos doaram. O último em ordem de tempo – mas não será certamente o último – é de um rapaz bastante jovem de Modena, com a pele colorida, filho de Deus como eu. Passou pela nossa casa, e voltou para sua casa; recebeu o dom do Espírito Santo na crisma e depois sentiu, por uma exigência do amor, que deveria presentear, para as nossas caridades, boa parte do dinheiro que recebeu na ocasião. Alguns dias atrás pude contar seu gesto ao Papa. Ele ficou impressionado e me confiou um pequeno presente para ele. Eu recebi milhões de gestos, mas se tivermos olhos novos, cada gesto é único, é novo, é o primeiro, o mais importante. Ter novos olhos significa ver também um pequeno gesto em um grande gesto.

No dossiê que estou preparando escreverei que recebemos mais de oito milhões de ofertas. Nessa história, meus amigos, há Deus! Devemos cair de joelhos e agradecer.
Todos os dias quase dez mil pessoas fazem ou recebem um gesto nas nossas casas: uma refeição, uma cama limpa, uma consulta medica, um conselho... Todos os dias! É uma surpresa que me faz superar tantas crises, tantas desilusões, tantas dores. Mas para muitos não basta. Este é o mistério.

Se eu pensar no dia 15 de maio passado, me surpreendo com as coisas que vi em Madaba. Talvez mais de mil pessoas vieram agradecer a Deus pelo Arsenal do Encontro. Comoveram-se escutando a história de Maria Teresa: tinha chegado à Jordânia para ficar o resto da vida; na manhã do primeiro dia de permanência, o Senhor levou-a ao Paraíso.
Quantas lagrimas, quanto reconhecimento! Todos os presentes choraram, aplaudiram Maria Teresa a quem dedicamos o Arsenal do Encontro. Apesar disso estávamos em um país muçulmano e quase todos os presentes eram muçulmanos.

Queridos amigos, a nossa tarefa e a nossa missão é tentar ser com todas as nossas forças e a nossa fraqueza apaixonados por Deus. Ele não se assustou conosco. Mas nós devemos saber que todas as vezes que um amor nasce o não-amor fica ao seu redor, com a tarefa de destruí-lo. Por isso devemos retornar a viver na presença de Deus, ciente disso, 24 h por dia. Devemos reencontrar um dialogo pessoal com Ele. Se esse diálogo com o Senhor torna-se como um farol, um holofote voltado para mim, o farol me ilumina e me ajuda a estar sempre mais atento. Se estou sob um farol, me envergonho de ficar com raiva de alguém e procuro me conter. Se, pelo contrario, não estou sob a luz do farol, emerge o meu eu. E o eu destrói qualquer coisa. Na tempestade que a Igreja vem atravessando, nossa tarefa é alimentar o amor de Deus.

Queridos amigos, tornemo-nos amigos do Espírito, confiemos no Espírito. E o Espírito está no confronto, no pedido de conselho, no rezar antes de raciocinar. Está no crer que o melhor pode vir do outro, que colaborar é fazer emergir o outro. Para agradar a Deus devemos dar o melhor de nós, mas entre nós, ainda se às vezes pareça a coisa mais difícil. Este é um dos pontos fundamentais para a minha credibilidade. Quando falo, certamente quero dar o melhor de mim, mas ai de mim se enquanto eu encanto o mundo inteiro alguém da minha Fraternidade dissesse: “Mas, quando precisamos dele ele nunca está”. Gostaria que dar o melhor entre nós fosse patrimônio de cada um de nós, de forma que o dar testemunho aos outros seja então uma continuação desta coerência.

É hora de mudar o antigo ditado “Faça o que eu digo mas não faça o que eu faço”; eu gostaria que as pessoas pudessem dizer: “Faça como eu digo porque é também o que eu faço”.

Neste tempo pós Pentecostes devemos fazer renascer cada vocação nossa. É possível. Conheci muitos amigos apaixonados pela própria vocação até o último momento da vida. Uma vida onde o cansaço não entrou ou, se entrou, não tocou o amor e a escolha.
Penso em tantas pessoas casadas ou consagradas que depois de poucos meses de suas escolhas já estão cansadas: há algo que não funciona! O Senhor na sua bondade nos pede um novo sim, um novo início, para revigorar esta história que quer ser exclusivamente uma história de Deus, história sagrada.

Em alguns dias talvez, em um encontro com o prefeito de Turim, explicaremos os resultados dos nossos 46 anos. São dados verdadeiramente surpreendentes e cada vez que os analiso renova-se em mim o enamorar-se pelo Senhor e o agradecimento por todas as pessoas que nos ajudaram. Mas são também dados que me fazem pensar. E para mim pensar quer dizer tentar continuamente. Este é o meu desejo para a minha Fraternidade.

Cada um sinta-se envolvido pela minha oração, pela minha amizade, pelo meu afeto para que nesse renascimento não se sinta sozinho. Eu os abençôo, façam-me sentir também abençoado por vocês.

Ernesto Olivero (Fundador do Arsenal e da Fraternidade da Esperança)
11 de junho de 2010
Solenidade do Sagrado Coração de Jesus

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