Carta aos amigos (Pentecostes 2012)
Pubblicato il 05-06-2012
Queridos amigos,Demasiadas vezes procuramos longe o que está bem perto. Muitas vezes o nosso humor torna-se a nossa certeza. Demasiadas vezes o mal se alia ao nosso eu e com a nossa tristeza para nos confundir, para impedir que enxerguemos a nossa verdadeira vocação, o grande tesouro que está em nós, a nossa unicidade.
A ocasião faz o ladrão, diz o provérbio. É verdade, mas a ocasião, também, faz o homem sábio, santo. Te ajuda a entender quem você é, te ajuda a fazer a verdade. As dificuldades que neste tempo estamos vivendo no Brasil, na Jordânia, em Turim, são também oportunidades para que possamos descobrir em nós coisas que nem imaginávamos. Esforcei-me muito para entender e enfrentar estes problemas como cristão. Conheço as dificuldades desta aventura de Deus, mas nunca como neste período procuro ajudar a mim mesmo e a cada um para que tenhamos senso de responsabilidade: nos pedem isso cento e setenta "funcionários", mil voluntários que pagam as suas despesas, dez mil situações que todo dia nos interpelam e batem em nossas portas, milhares de jovens que nos observam e que nos tem como referência.
Se nos momentos difíceis somos apenas instinto, nos iludimos que podermos nos realizar sozinhos, que podemos confiar apenas em nosso ponto de vista, no nosso orgulho, aquela ocasião que poderia nos fazer enxergar o mundo de uma forma diferente, desaparece. Mas se enfrentarmos estes momentos com responsabilidade, descobriremos que o Senhor está falando conosco. Se tivermos a sabedoria de olhar para estes momentos com os olhos de Deus, a nossa postura muda e podemos chegar a compreender o significado de uma provação. Os momentos difíceis nos abrem sempre para algo de importante que, caso contrário, poderíamos não perceber. Eu me dei uma razão para isso: nós somos muito interessantes para a esperança, mas também inimigos do seu contrário: a desesperança, o mal. É o mal que tenta nos convencer de que um mundo de plástico, feito de aparências e falsidades, é um mundo verdadeiro. (continua >>>)
Até agora temos vivido a nossa história com Deus, com a ingenuidade das crianças. Para continuar a viver assim é preciso voltar a ser crianças. É possível! Uma criança percebe somente o carinho, ela se entrega a um olhar bom, ao olhar de quem a ama. Deus quer fazer assim conosco. Tem o olhar terno fixo em cada de nós. Aparentemente não fala, porque o amor não precisa de palavras. O verdadeiro amor está somente no olhar maravilhado. Deus nos olha e nos ama, nos vê como nós não somos capazes de nos ver: nós, que não somos capazes de levantar os nossos olhos para além do nosso umbigo.
Com este olhar, Deus quer agir neste momento e nos pede algo de muito especial. Não tenho as forças de um tempo, não tenho os reflexos de um tempo, mas Deus está sempre perto de mim e me faz entender que quando estou fraco é que sou forte, que quando me sinto incapaz é que posso exprimir uma beleza infinita. Vale para cada um de nós se toda vez que falamos, que ouvimos, nos lembrarmos que somos dois: Deus e eu. Senhor, como posso falar? Como posso escutar? A nossa aventura não é "nossa", é de Deus e nós podemos operar junto com Ele. Quantas vocações se perdem ou não aparecem porque nos esquecemos que “somos dois ” e agimos como se fossemos apenas instinto!
Não nos esqueçamos: somente quem morre para si mesmo descobre quem é verdadeiramente, descobre o projeto de Deus, entra no seu coração. O nosso é um patrimônio de Deus. Vive esta dimensão somente quem põe o outro em primeiro lugar, também quando não entende, também se não se sente digno. Entra no coração de Deus quem faz do outro o encontro constante da vida, a sua alegria. Afinal, o Amor se descobre somente amando.
Meu Deus, hoje mesmo quero confiar-te novamente o meu sim,
hoje mesmo o meu coração quer renascer
e dar um chute no mal, fazê-lo se cansar de mim.
Tu conheces, Senhor, este coração especialista em lagrimas,
especialista em dúvidas, freqüentemente aliado do mal
que volta sempre a confiar em Ti,
para recomeçar sempre, mas contigo.
Assim, todo dia é o primeiro dia da minha criação,
graças a Ti, que nunca me abandonas,
e aos amigos, que ficam ao meu lado e confiam em mim.
Não procuro longe o que está bem perto.
Graças a minha entrega a Ti,
vejo o dom que antes não via.
Sinto fisicamente o calor que Você me dá, a sua ternura.
E junto a isso, sinto os desmotivados, os desiludidos, os famintos,
os verdadeiros pobres que se sentem seguros porque “o Ernesto está aqui”,
porque os seus amigos estão aqui e muitos, muitos,
muitos que lutam conosco, para nós.
Estou apaixonado.
Tu me olhaste, amaste, enquanto estava fugindo de Ti.
Me entendeste, estimaste, enquanto errava.
Me recolheste enquanto caia, me consolaste enquanto sofria.
Pois me deixei seduzir e a minha respiração tomou o ritmo da sua,
o teu olhar descobri no meu.
Nunca mais tive medo de encarar a verdade,
de reconhecer o mal que está em mim, o mal que fiz.
Nunca mais tive medo de Ti.
Tu me tomaste, eu me deixei tomar.
Vivo em Ti e por Ti, mas continuo sendo eu,
e ainda continuo a procurar-Te.
Corro junto a Ti e atrás de Ti.
Continuo a cair, mas Tu estas comigo.
Nós temos um Deus que nos ama verdadeiramente, mas é preciso que façamos a nossa parte, com verdade, com sinceridade: chamar os nossos defeitos pelo nome, ter a sabedoria de levantar os nossos olhos e fazer todo o possível. Então, talvez, descubramos que somos apaixonados, com um amor verdadeiro, que se não for aparentemente uma loucura não é um amor; um amor que não pretende, mas dá continuamente e dá sempre o primeiro passo.
Caros amigos, é Pentecostes, mas sabemos que Pentecostes é todo dia, porque temos um Deus que não nos abandona nunca. É Pentecostes! O Espírito Santo quer fazer festa conosco todo dia. Nos confirma que Deus é Pai e amor, Pai especial para cada um. Todo dia nos confirma que Jesus é Filho de Deus e nos ama perdidamente. Todo dia nos confirma que a mãe de Deus é minha mãe, uma mãe que todo dia me guarda. Te procuro, meu amor, Deus, e Te encontrei.
Caros amigos, nesse tempo de provação amemos mais ainda a Igreja. Rezemos com confiança ao Espírito Santo para que suscite no seio dela uma grande fé e uma grande esperança. Abençôo cada um de nós, abençôo o sim que Deus nos doou. Abençôo e encorajo este sim que gera fruto.
Ernesto Olivero
Fundador do SERMIG-Fraternidade da Esperança
junho de 2012