Carta aos amigos (Páscoa 2010)

Pubblicato il 11-04-2010

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Queridos amigos, esta é a carta mais trabalhosa da minha vida: comecei-a em São Paulo, continuei-a em Madaba (Jordânia), levei-a comigo em meus compromissos dos últimos meses, ao redor da Itália e finalmente a termino em Turim, nestes dias de Páscoa, enquanto a Igreja está vivendo uma grande tempestade que nos entristece profundamente.

Acredito que seja urgente rezar para que, na Igreja, verdade e santidade se encontrem, não tenham medo de unir-se e de entrar em um renascimento. Eu gostaria de encontrar o Papa e, em uma comunhão feita sobretudo de silêncio, gostaria de dizer-lhe o meu pensamento, o pensamento de tantos jovens que eu conheço. Mas enquanto isso, caros amigos, penso em nós, no dom especial que o Senhor nos deu, em como mante-lo vivo. Gostaria que cada um, tanto no bem como no mal, vivesse um confiante abandono em Deus, porque a fé se reflete sempre e somente nos fatos, e somente nos fatos nos tornamos esperança. Se nos momentos difíceis não perdemos a confiança no Senhor, verificamos a nossa fidelidade; quando, ao contrario, prevalece em nós “o homem velho”, cada pequeno problema torna-se uma pedra enorme.

Tudo aquilo que o Senhor me permitiu fazer até agora, fiz simplesmente como abandonado, fiel a Ele a cada momento, frequentemente também com as lagrimas nos olhos. A oração sempre me deu respiro e força: lentamente cresceu, aumentou o tempo que lhe dedico e a maneira de rezar. Senti-me Seu e gostaria que também vocês, queridos amigos, pudessem dizer “eu sou de Deus”.

Gostaria que esta carta se tornasse um novo pacto, um pacto de renascimento. Nestes dias um jovem me disse: “Sempre pensei que a felicidade fosse um discurso retórico, depois a vi estampada nos olhos de muitos de vocês”. Não esqueçamos a grande responsabilidade que temos em relação a quem se aproxima de nós. Mais os anos passam e mais me dou conta que ao nosso redor ha muitíssimos homens e mulheres famintos de Deus. Homens e mulheres que não conseguem livrar-se dessa saudade, desse desejo, porque tiveram experiências negativas, porque foram escandalizados, quase enjoados com o exemplo de muitas pessoas que crêem.

Nestes dias, li um artigo que me impressionou. Falava de um livro sobre as confissões anônimas de um Cardeal, convencido que a Igreja estivesse caminhando para o fim. Este artigo me fez pensar na época que estamos vivendo: um tempo que esta trazendo à luz um mal que nunca imaginávamos. Penso nos escândalos de pedofilia de alguns expoentes do clero. Penso naquelas crianças sacrificadas sobre os altares das vontades mais infames de homens e mulheres. E não me consola pensar que estes episódios acontecem também em outros ambientes, em outras culturas, em outras religiões. Na Igreja de Jesus não deveriam acontecer. Ponto. A Igreja, nós cristãos, devemos estar imediatamente e para sempre ao lado das vitimas.

Não somos ingênuos. Sabemos que a Igreja está sob o ataque por parte de lobbies que entendem destrui-la, lobbies que tem nome e sobrenome. Além disso para muitas pessoas, para muitos lideres de opinião, os fatos que estão vindo a tona são “seguros” e reforçam prejuízos antigos: “Eis o mesmo Vaticano, eis quem faz exatamente o contrario daquilo que diz, eis os mesmos cristãos”.


Para mim não é assim. Os escândalos não me dão medo, ao contrario, reforçam esta esperança que não me deixa: que cada um de nós cresça no desejo de se tornar santo. Desejo com todo o coração que a santidade seja o nosso fim, a nossa meta, a nossa vida. Cada um de nós, um a um, é chamado a amar perdidamente Jesus, e a ser simplesmente apaixonado por Deus, radicado no silêncio, na oração, nos fatos. Somente assim poderemos fazer todos compreenderem que Deus existe de verdade, que a Igreja é o Seu Reino na terra e ninguém poderá destrui-la. Para fazer isto, devemos amar ainda mais nossa vocação, devemos defendê-la não nos fechando e entrincheirando-se, mas preenchendo-a com oração e caridade. O nosso sim é como uma pluma: pode voar, alcançar lugares imensos, transportar-se a um amor maior, mas deve estar atento a não se fazer aprisionar no lamaçal.


Gostaria com todo o coração e com toda a razão, que quando alguém de nós falar, surgisse uma tamanha credibilidade para convencer quem escuta. Somente a credibilidade convence. Um judeu se aproxima de nós? Em seu diário espiritual deveria anotar: “Aprendi com um cristão a humildade”. Um muçulmano se aproxima de nós? Deveria poder dizer: “Entendi que é absurdo ver em um católico um infiel, conheci um, ouvi-o falar, vi-o viver, crê de verdade em Deus. Talvez também os outros sejam assim”. Um não-crente que não quer mais saber de Deus nos encontra? Deveria dizer: “Encontrei um homem, uma mulher de Deus. Não excluo nada. Coloco novamente em discussão o meu não poder acreditar”. Um cristão que encontra um católico, um protestante, um ortodoxo deveria dizer: “Tenho vontade de unidade!”.


A síntese da nossa fraternidade é aproximar o homem, a mulher de Deus, não nos esqueçamos. Este dom não foi sonhado por nós, chegou de Deus. Coloquemo-nos no lugar das pessoas que se fecharam para a fé, seja ela qual for, coloquemo-nos no lugar de qualquer que seja essa pessoa. Procuremos com toda a nossa força compreender as dificuldades que ela vive, os enganos nos quais caiu. Eu não vou em busca de coisas grandes, superiores às minhas forças, mas se não desejo que todos encontrem Deus, não posso dizer que sou apaixonado por Ele. Eu sou apaixonado por Deus, de verdade, com toda razão e com o coração. Mastigo continuamente a Sua Palavra, “vejo-a” de verdade e seria um egoísta se pensasse que este dom extraordinário não fosse para todos.


Queridos amigos, cada um de nós pode ser uma nuance desse grande amor. Ha quem de nós é mais puro, mais disponível, mais paciente, mas o amor unifica tudo. Eu disse tantas vezes: hoje o mundo não se faz mais perguntas porque frequentemente o bem não faz noticia. Televisão e jornais, por exemplo, falam dos padres pedófilos, mas esquecem da enorme maioria de sacerdotes que estão dando a vida sem “se” e sem “mas”. Não podemos desanimar: cada um de nós pode ser noticia do bem. Quando as pessoas encontram um cristão, deveriam desarmar-se, fazer nascer a esperança, voltar a crer. Dizer com simplicidade: “É possível sermos bons, disponíveis, ternos, fortes, dedicados aos outros. Os cristãos o fazem!”. É essa a nova evangelização que o mundo espera. Uma nova evangelização que pode partir de nós.

Nestes dias pascais fui apanhado por um pequeno achaque. Convivi com a dor e senti que escrever seria como uma libertação “A mais bela noticia da história”. Vos doou, portanto, a minha oração com o desejo que cada um faça uma experiência pessoal da esperança que provem de Jesus Ressuscitado.

Jesus não está morto, Jesus vive.

Poderia aprisionar a sua morte na tragédia, na lamentação, no mal dizer.

Com a sua ressurreição ao invés transformou-a na mais bela notícia da história da humanidade.

Doou-me o seu rosto a mim, aos descartados, aos sem esperança.

Deu a mim, justo a mim, a possibilidade de transformar o faminto em um homem cheio de dignidade, de libertar o prisioneiro, de visitar o doente, de acolher o encarcerado, de consolar o cansado, de encontrar o estrangeiro, para que se sinta acolhido.

Compreendi que a minha ressurreição está no amor.

Se não amo, sou eu o faminto, o prisioneiro, o doente.

Se não amo serei eu o estrangeiro por toda vida.

Jesus não esta morto, Jesus vive e continua a ter palavras de vida eterna.

Quem o segue não pode senão amá-lo por toda vida, sem interrupção.

Não pode violar, não pode violentar, não pode matar, ninguém!

Não pode! Não pode quem O ama que da cruz olha e pergunta: você, me ama?

Quem não O ama, ama a si mesmo, se consome, mas por seu próprio eu.

É por esse Jesus o meu sim, é somente por Ele.

O meu tempo é oração, o meu respiro é oração.

Queridos amigos, acredito de verdade que o Senhor queira a nossa ajuda para renovar a Igreja, para que ela seja sempre mais Seu sinal; somente uma Igreja fiel ao Evangelho pode ser autorizada e indicar a todos os homens o caminho da justiça. Sinto um fogo dentro de mim, um fogo que me preenche de amor pela Igreja e me faz ver um novo caminho, um novo pacto, um novo inicio, um novo despertar que poderá trazer vida e levar cada vida em direção a Deus.

Caros amigos, ficarei feliz em receber algumas palavras de todos vocês, para encontrar, juntos, uma via de renascimento. Os quero bem, te quero bem, os abençôo sentindo-me indignamente abençoado por cada um de vocês.

Ernesto Olivero (Fundador do Arsenal e da Fraternidade da Esperança), 11 de abril 2010

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