Como se faz uma casa que acolhe? - Voluntariado

Pubblicato il 13-01-2015

di ARSENAL DA ESPERANÇA

São diversas as opções de voluntariado no Arsenal da Esperança. Há aqueles que oferecem algumas (ou muitas!) de suas horas todas as semanas de forma fiel e infalível: são pilares do nosso trabalho, amigos essenciais para que o Arsenal continue sendo uma casa aberta 24 horas por dia. Há aqueles que formam uma “equipe de reforço”: amigos com quem podemos contar para nos ajudar sempre que precisamos de uma força extra, como quando acontece na casa um grande evento ou um grande encontro. E há aqueles que acabam sendo surpresas especiais no nosso dia a dia, amigos que aparecem para dar uma mão quando menos esperamos ou grupos que, com o desejo de conhecer o Arsenal, fazem uma visita em que não só adquirem conhecimento, mas também doam suas energias para realizar algo: em uma rotina pesada como a nossa, eles acabam sendo um alívio momentâneo e importante, os braços que chegam para ajudar a chegar ao fim de um dia corrido ou para executar certas tarefas que às vezes não damos conta de realizar. 

A Vanessa Alice de Moura é uma das nossas amigas que já passou por todas essas “categorias”: há cerca de um ano, vem ao Arsenal todos os domingos para trabalhar como voluntária do nosso bazar; quando tem um pouquinho mais de tempo, vem em outros períodos para dar uma força em outras tarefas da casa (como, por exemplo, cadastrar as notas fiscais que nos são doadas); e, ainda por cima, organizou uma ação voluntária de um grupo de sua faculdade aqui no Arsenal. Sobre essa última experiência, ela escreveu um texto que compartilhamos aqui com vocês:

Acredito que as desigualdades sociais deixam marcas na subjetividade do homem e procurei uma profissão que auxiliasse a cuidar dessas pessoas marcadas; por isso, acabei optando pela psicologia. No curso, com o passar dos anos, me deparei com um excesso de teorias, muitas leituras, e nada de aprender a lidar com os ferimentos dos que padecem as injustiças do mundo. Parecia que ajudar alguém era algo que não estava ao meu alcance. Numa dessas fases de muitos questionamentos e pouca ação, encontrei o Arsenal da Esperança, uma “casa que acolhe” 1.200 homens adultos que, se não fosse pela casa, estariam em situação de desamparo nas ruas. No Arsenal da Esperança, descobri que, por mais que minhas mãos não sejam tão longas para ir até a África, elas são ágeis o suficiente para ajudar pessoas a organizar um bazar de roupas, limpar alguns brinquedos, dobrar guardanapos e, assim, ajudar uma casa que cuida de 1.200 pessoas marcadas pelo sofrimento da vida. Foi uma experiência enriquecedora. Todos os dias eu falava para os meus amigos do curso de psicologia sobre o quanto o Arsenal da Esperança era incrível, que havia um grupo pequeno de missionários e voluntários fazendo tudo funcionar e que a casa, além de oferecer roupa, comida e cama, oferecia também cursos profissionalizantes, projetos de cura pela literatura... Enfim, a casa oferecia amor àqueles 1.200 homens e ainda conseguia expandir o acolhimento a todos os que na casa entravam, incluindo os voluntários. 

Apesar da timidez exacerbada que me afligia e do pouco tempo disponível devido ao trabalho e aos estudos, pensei em propor uma ação voluntária da minha universidade (Universidade Presbiteriana Mackenzie) no Arsenal da Esperança e expressei a vontade ao Simone, um dos missionários do SERMIG - Fraternidade da Esperança. Com o auxílio dele, fiz o projeto voluntário, que foi aprovado pela universidade. De todos os alunos convocados, trinta se inscreveram e apenas quinze compareceram. Alguns alunos não foram devido à semana de provas; outros, por receio do local. Contudo, os quinze que estiveram presentes – em sua maioria, estudantes de Psicologia – foram dispostos a conhecer o local e a ajudar a casa; os quinze alunos foram dispostos a amar. 

No dia 18 de outubro de 2014, primeiro visitamos a casa e entramos em contato com a estrutura, a história e a equipe do Arsenal da Esperança. Depois, nos engajamos na limpeza do Salão Vida Fraterna, que estava desorganizado devido a um chá beneficente realizado ali e que deveria estar pronto para acolher a Missa semanal que aconteceria em algumas horas. Os alunos formaram uma equipe e o local foi limpo e organizado. A ação começou por volta das 9h15 com previsão para terminar às 12h; contudo, a ação voluntária foi até as 14h, e foi finalizada com a entrega de itens de higiene e roupas masculinas arrecadados pelos alunos. Como esperado, o Arsenal da Esperança encantou aqueles jovens estudantes, que me procuraram muitas vezes durante a visita para dizer o quanto estavam encantados com o local, o quanto não esperavam encontrar aquela paz em um “albergue”, o quanto gostariam de voltar ali. Os alunos reconheceram no Arsenal da Esperança uma luta por um mundo melhor, se identificaram com a proposta e perceberam o quanto o mundo precisa de braços engajados a serviço do bem, porque "todos juntos somos fortes" e transformar o mundo em um lugar melhor não é utopia: é possibilidade. Durante a ação voluntária, os alunos tomaram a consciência de que todos podem fazer alguma coisa, de que não existe ação voluntária maior ou menor, de que o importante é dar o máximo de nós para ajudar o próximo, pois assim nos transformamos em pessoas melhores e também transformamos o mundo. 

Entre os alunos que foram, estava a Letícia, uma aluna da minha turma com a qual eu não havia tido muito contato até aquele dia. Durante toda a ação, ela chamou minha atenção por sua emoção; desde o começo da visita, seus olhos brilhavam. Por isso, pedi a ela que me cedesse um curto depoimento sobre a experiência: 

“A visita realizada ao Arsenal da Esperança, no sábado (18/10), foi bastante enriquecedora para mim. Conhecer o espaço e os projetos realizados com os acolhidos e participar de discussões sobre melhorias na estrutura do local e sobre os trabalhos voluntários que ocorrem na casa foram experiências que me possibilitaram ver, na prática, questões como emancipação dos sujeitos, vivências comunitárias e ambiente transformador, que trazem novas perspectivas para essas pessoas.”

Letícia é estudante de psicologia e, a partir do prisma do que estuda, diz que viu na prática a ação do bem que traz novos horizontes, que traz esperança a pessoas que precisam de acolhimento.

Outra estudante de psicologia, chamada Laís, a qual é minha amiga, também expressou sua percepção sobre a ação:

“A ação voluntária realizada juntamente com o grupo de alunos do Mackenzie foi muito gratificante. Tivemos a oportunidade de conhecer melhor os trabalhos e atividades realizados no local, sendo estas voltadas para o desenvolvimento do sujeito que se encontra em um período de dificuldade, e que não visam apenas práticas assistencialistas como a maioria das casas de acolhida, mas que fazem com que ele se aproprie novamente da sua identidade e sinta-se capacitado para ser reinserido na sociedade e para viver de forma autônoma. Também realizamos uma atividade dentro da instituição que, apesar de ter sido simples, trouxe um sentimento de ‘ser participante’ desse projeto tão maravilhoso. Muito além de fazer a doação de algum bem material, realizar um trabalho concreto/prático traz uma vivência de participação ativa em ajudar e fazer o bem ao próximo.”

A ação no Arsenal da Esperança fez com que os jovens que participaram pudessem vislumbrar que não é necessário muito tempo ou muitos recursos financeiros para fazer o bem. Eles, assim como eu, descobriram que basta amor. Não é necessária uma imensa aptidão ou a descoberta de teorias misteriosas. Eles descobriram que, como está escrito na entrada do Arsenal da Esperança, “a bondade desarma” para qualquer tipo de mal e arma para uma luta por um mundo melhor.


Sobre o Arsenal da Esperança:
Fundado em 1996, por Ernesto Olivero e Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida, o Arsenal da Esperança se propõe a ser um lugar de fraternidade, aberto à acolhida e ao encontro com quem quiser procurar o sentido da sua vida. Acolhe diariamente 1.200 homens que se encontram em dificuldades, devido, na maioria das vezes, à falta de trabalho, casa, alimentação, saúde e família. Quem ingressa nesta casa recebe uma acolhida digna e, sobretudo, a oportunidade de transformar a sua própria condição de vida.
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