Ernesto Olivero: debaixo das FERIDAS a serem curadas, o BEM que espera para emergir...

Pubblicato il 08-10-2013

di ARSENAL DA ESPERANÇA


O coração do Papa Francisco nos está habituando a ir sempre mais ao coração do Evangelho, do anúncio de Jesus: Deus nos ama como somos, tem misericórdia, se comove com as nossas lutas e com as nossas feridas e nos implora para aprendermos a nos querer bem como irmãos. Na vida da nossa fraternidade sintetizamos estes dois olhares – o olhar amoroso do Pai sobre nós e o olhar fraterno que Jesus nos ensina a ter entre nós – com duas palavras: “Amados, amamos”. Amados por Deus, Ele nos torna capazes de olhar o irmão, a irmã como Ele os vê, com um olhar não emotivo mas de ternura, não superficial mas cheio de compaixão.

Se penso no início da história do SERMIG, não foi fácil para mim olhar para o outro como Deus o vê. Foi um jovem magrebino que apontou o dedo para mim, em uma noite em que falávamos de paz, e me disse: “Você, Olivero, onde vai dormir esta noite?”. Ele me fez conhecer a dureza da vida dos imigrantes em Turim, dormiam amontoados na estação. O Arsenal estava ainda em ruínas, não havia lugar para ninguém, mas aquele dedo apontado e aqueles olhos escavaram dentro de mim. Antes que eu olhasse para ele e fosse capaz de reconhecer as suas feridas, ele escavou dentro de mim e me ajudou a ver com olhos novos. Ele me restituiu o valor da pessoa na sua totalidade. 

Cada pessoa é única na sua história e na sua luta. A ferida de “um não é a ferida de todos, é a “sua” e pede uma atenção particular, um cuidado atento, um tempo dedicado. Não é o credo político ou religioso, a cor da pele, a nacionalidade e nem mesmo se aquela pessoa merece ser ajudada ou se ela é desrespeitosa, hostil, ingrata que me torna próximo dela, é simplesmente o fato de que é uma pessoa cujo olhar cruzou com o meu. 

Assim aconteceu ao samaritano na estrada de Jerusalém a Jericó, e naquele encontro ele descobriu a fraternidadeO outro, diferente de mim, não é mais um inimigo de quem defender-me, mas um homem a conhecer, a encontrar e por quem me deixar encontrar, uma pessoa a amar. Um pouco por vez a nossa casa se abriu à acolhida daqueles que nos jornais são chamados de presidiários/imigrantes/prostitutas/mães adolescentes/sem-teto. 

Atravessando a nossa porta trouxeram o mundo à nossa casa, abriram a nossa mente, o nosso coração; nos fizeram ver a realidade com olhos diferentes e entender quanto potencial de bem e de vida tínhamos dentro de nós, seja individualmente ou como comunidade. Esses irmãos e irmãs em dificuldade realmente nos tomaram pela mão e estão nos levando aonde nós não tínhamos previsto, mas aonde Deus sabe. Eles nos educaram a não nos escondermos atrás das ideias, mas a deixar-nos interpelar pelo imprevisto que cada vez tem um rosto. São tantas as feridas da humanidade de hoje que precisam ser curadas, mas existe tanto bem que está só esperando para emergir.

Os Arsenais são realmente isto, lugares de “troca” onde milhões de pessoas ajudam e recebem ajuda de milhões de pessoas. É a restituição de tempo, inteligência, coração, recursos, capacidades que se transforma em uma força motriz de bem. É o nosso método para curar e cuidar das feridas deste tempo: fome, miséria material e espiritual, injustiças, solidão, gerações jovens desorientadas. Também graças a todos eles hoje as nossas casas são mosteiros metropolitanos, lugares onde oração, acolhida, cultura se entrelaçam a serviço de todos. Quando nos misturamos com Deus e com as pessoas, reencontramos o frescor do Evangelho, voltamos a ser pessoas: fermento na massa. O nosso tempo precisa de pessoas, de comunidades simplesmente cristãs.
Ernesto Olivero 
(Fundador do SERMIG - Fraternidade da Esperança)

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