Estudar para quê?

Pubblicato il 15-11-2013

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Também neste ano, centenas de jovens estudantes atravessaram os portões do Arsenal da Esperança de São Paulo. Marco, da Fraternidade da Esperança, descreve algumas sensações e reflexões sobre essa experiência de serviço aos jovens e à cidade.

Chegam acompanhados de uma escola e por algum tempo olham em volta, nos olham. Observam os nossos rostos, escutam as nossas vozes. Quando começamos a falar, logo começam a dar uma risadinha: é a nossa voz que tem um sotaque estranho. Depois de alguns minutos, o efeito “estrangeiro” passa e os rostos se tornam curiosos, distraídos e atentos. Ora uma coisa, ora outra. Contamos a eles a história do SERMIG, feita por garotos e garotas com um sonho grande: o de derrotar a fome no mundo. Jovens que conseguiram entrar no antigo Arsenal Militar de Turim, então abandonado, para transformá-lo, para arrumá-lo com camas e oferecer um lugar para dormir àqueles que não tinham uma casa...

Eles nos olham, nos escutam. A sensação é a de que nunca tinham pensado nisso. Nenhum deles jamais teve um sonho desse tipo. Derrotar a fome no mundo? É uma coisa que está totalmente fora do seu horizonte de vida, do seu cotidiano. Fazem esforço para entender. Quando perguntamos a eles: “Por que vocês estudam?”, a resposta mais frequente é: “Porque quero ser alguém na vida”, “quero me tornar culto”, “quero ter uma vida boa”. O mundo? Longe demais.

Nós os conduzimos pelas ruas do Arsenal, mostramos a eles os leitos, as paredes com fotos históricas, uma grande cozinha, um forno que produz pão… Tentamos fazê-los ver sonhos realizados, pedaços de Evangelho que com esforço foram realizados entre o branco e o negro das recordações e que ganharam uma cor, um calor, a vida, transformando-se em casa para quem não tem casa, em um prato quente para quem tem fome.

Escutam, nos olham. Ver todos aqueles leitos juntos sempre os toca. Surge alguma coisa dentro deles. É como se descobrissem que não estamos brincando. Acreditamos de verdade. Não somos atores de um comercial que depois de alguns segundos termina deixando apenas um slogan cativante.

Quando temos um pouco mais de tempo, conseguimos também pedir a eles para… nos ajudar! Depois de termos falado um pouco sobre a situação dos pobres na cidade, perguntamos: “Vocês nos ajudam? Vocês nos dão uma mão para arrumar uma cama para quem esta noite não tem onde dormir?”. Logo começamos a distribuir a eles dezenas de lençóis e fronhas, e o olhar deles se torna perplexo. A pergunta é palpável: “Mas o que isso quer dizer? Lençol e fronha para fazer o quê?”, “Arrumar as camas? De verdade? Agora?”. 

Alguns, sem entender bem, vêm atrás de nós, e começamos a pedir a eles para estender os lençóis, prender nos cantos, colocar as fronhas nos travesseiros… Gestos simples que talvez tenham visto a mãe ou a avó fazer. Rapidamente se torna um jogo. Um garoto ajuda a amiga que não consegue levantar o colchão, outro pede mais um lençol correndo de um lugar para outro, depois um tem a ideia de colocar sobre cada travesseiro um pedaço de papel com uma pequena mensagem de encorajamento. Arrumamos uma cama, depois duas, três, dez e aí está… um dormitório inteiro está pronto: é uma acolhida limpa com 150 camas. “Ah, mas então acolher, lutar contra a pobreza… é isso!? Eu também posso fazer isso. Eu também ajudei!”, “Posso dizer que ajudei 28 pessoas a dormir em uma cama limpa”, “Eu 34!”.

Todos cansados e suados, são chamados pela professora. É hora de ir. Daqui a pouco, a aula recomeça. Antes de o ônibus sair fazemos uma foto: é para lembrar, e com certeza para muitos se tornará um post no Facebook para compartilhar com os amigos. Vejam aquelas fotos, os rostos deles, vale a pena. Nenhum consegue disfarçar um grande sorriso. Nos olhos, têm uma coisa diferente. Quem sabe, talvez um sonho maior.
Marco Vitale

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