Falando de Deus sem falar de Deus...

Pubblicato il 27-04-2016

di ARSENAL DA ESPERANÇA

“Em que posso ajudar?”. Pensei nessa frase que Dom Luciano usava quando conhecia alguém e que era mais que uma forma de apresentação, era um lema de vida: se colocar desde o início a serviço do outro. Lembrei-me de D. Luciano porque a imagem dele resume bem a tarde desse sábado (23/4), quando participei de um encontro com o padre Simone, onde ele nos contaria um pouco da sua trajetória na Itália e no Brasil.

Nesses encontros, uma das marcas dos Arsenais é sempre propor aos participantes que façam uma pergunta e dessa forma, aquele que é o “convidado principal” vai contando um pouco da sua vida. Quando foi feita a primeira pergunta, fiquei um pouco emocionada, porque o padre Simone começou a contar sua trajetória a partir dos treze anos de idade, quando perdeu sua mãe. Existem várias maneiras de se contar a mesma história, e essa poderia ser contada apenas pelo lado da perda e da dor, no entanto, ouvimos de um jeito bem bonito, o quanto amor, cuidados, compreensão, carinho oferecidos por uma família inteira podem ajudar a fazer com que o luto seja vivido de outro jeito. Enquanto o padre Simone nos dizia como é grato pelas pessoas que estiveram ao seu lado, orientando os anos que se seguiram, eu fiquei refletindo sobre a vida no contexto daqueles acontecimentos, e no quanto do Evangelho estava presente ali, no quanto o tempo todo ele foi nos falando de Deus sem falar de Deus.

Não vou descrever aqui o restante do encontro, mas dizer do quanto àquelas palavras me fizeram enxergar ainda mais a dimensão humana daquele que, há seis meses, eu tive a graça de participar da ordenação e no quanto esse sacerdócio é uma continuação de uma vida que desde cedo já trazia na alma a vocação para o cuidado com o outro, para ser uma vela que se deixa queimar para iluminar quem está ao seu redor, o quanto essa vocação nasceu primeiro no coração de Deus. 

Conheci o Simone há alguns anos, ele entrou na minha vida num momento de muita dor e com toda paciência, não me julgou, me colocou de pé, me resgatou, me fez compreender e sentir a presença de Deus na minha vida através da sua amizade. Hoje eu posso dizer (porque experimentei!) do significado mais profundo da amizade que é justamente ser um sinal sagrado de salvação na vida do outro, mesmo sem falar em nenhum momento sobre Deus. Agora... Se você me perguntar sobre o padre Simone, posso te dizer que é aquele que tem muito conhecimento, foi muito bem formado para cumprir todos os rituais litúrgicos, mas que também é aquele que anda pelo pátio do Arsenal da Esperança e recolhe os papéis que encontra pelo chão, cumprimenta todos os acolhidos do Arsenal (quase sempre pelo nome) e conversa com aqueles que sempre o chamam, tem sempre um sorriso e um obrigado para quem o encontra...

Texto: Célia Ramalho, 24.04.2016
Fotos: Fábio José Pereira Lima
 

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