Não fique na superfície

Além das coisas que já conhecemos do Arsenal da Esperança, o que podemos enxergar de diferente com estes “óculos”? Eu acho que podemos encontrar algo que pode nos deixar felizes – sem necessariamente procurar a nossa felicidade – e, sobretudo, podemos encontrar algo de positivo que pode ser plantado na nossa casa, na nossa comunidade, igreja, paróquia, bairro, fábrica, empresa, escola, universidade, em qualquer lugar onde pisamos.

Dom Luciano e Ernesto nos ensinam a procurar a nossa felicidade buscando, com todas as nossas forças, a felicidade dos outros. É uma maneira nova de ser, que pode tomar conta de toda a sua vida, 24 horas por dia, como aconteceu conosco da Fraternidade da Esperança: estamos pedindo um sim verdadeiro à vida, à bondade, à esperança, qualquer que seja a tua condição, em qualquer lugar que você esteja neste momento. Não precisa ser perfeito mas, na bondade, fazer de tudo para nunca desistir e sempre procurar o bem da sociedade em geral. Esta é nossa convicção. O Arsenal tem “água” boa, “oxigênio” novo, “frutos” diferentes e bons para todos, que todos podemos utilizar para mudar a nossa sociedade, algo que vai além de um simples olhar social, de uma ação esporádica de solidariedade, de uma atitude contracorrente, de uma campanha pontual.

Ao mesmo tempo em que te contamos esta convicção, torna-se difícil descrever os benefícios que uma casa como a nossa pode oferecer. Pelo lado material os números acumulados nestes últimos 14 anos são bem esclarecedores; difícil é calcular ou explicar o que cada um, espiritualmente levou para a própria vida, na própria experiência. Mas é este o convite que queremos fazer a cada pessoa que entra no Arsenal: viva esta casa, mas tente ir além das coisas matérias, poderá descobrir tesouros diferentes, colher frutos novos a cada dia, que irão espalhar a sua semente de novidade e renovar a sua casa e a sua vida.

Por isso, cada Arsenal me lembra a casa e a hospitalidade dos meus avos, na Sicília. Todos os anos, em agosto – quando lá é verão – toda família viajava de trem por 1600 quilômetros para chegar à cidade onde nasceram os meus pais. Lembro da casa e, sobretudo, do jardim onde tinha várias plantas frutíferas e onde se podiam encontrar muitas frutas: maças, pêssegos, morangos, amêndoas, figos, melancias, melões, caquis, laranjas, limões, azeitonas, e muitos outros frutos e produtos da terra... para uma criança “da cidade” aquilo era um verdadeiro jardim abençoado por Deus! Aquele jardim era o orgulho do meu avô e da família. Lembro da importância para os meus avós de acolher bem um hospede, um amigo em visita: cada visitantes era convidado a fazer uma visita ao jardim, a encher a sacola de fruta e assim levá-la para sua própria casa.

Honrar o visitante não é uma característica somente dos meus avós, é assim que se acolhem os amigos na terra onde nasceram os meus pais, é uma regra de ouro: eu fui atendido bem na casa do meu amigo, eu tenho que restituir com o mesmo carinho, quando ele vier fazer uma visita à minha família.

Acredito que em todas as nossas casas precisamos praticar a acolhida, também com as poucas coisas que temos; nós do Arsenal queremos acolher cada pessoa com o mesmo carinho – o que nem sempre conseguimos - mas o convite permanece o mesmo: explore, procure, investigue, não fique na superfície das coisas, o Arsenal é a espiritualidade que o sustenta: é bonito por fora, mas é muito mais bonito por dentro, sobretudo por aqueles que sabem enxergar com “óculos novos”. Todos estão convidados!

Continua....

Lorenzo