Não quero ser um herói

Pubblicato il 06-03-2014

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Em entrevista ao jornal italiano “Corriere della Sera” publicada nesta quarta-feira (5/3), o Papa Francisco afirmou que quando o descrevem como uma espécie de super-homem lhe parece ofensivo. “Eu gosto de estar com as pessoas, junto com os que sofrem, ir às paróquias. Eu não gosto das interpretações ideológicas, uma certa mitologia do papa Francisco. Quando dizem, por exemplo, que saio à noite para alimentar as pessoas que estão na rua. Nunca me veio à mente. O Papa é um homem que ri, chora, dorme e tem amigos, como todos. Uma pessoa normal.” 

Que bonito! Uma pessoa normal pode fazer coisas grandes, mas tem que deixar a esperança entrar na própria vida... 

Uma pessoa normal...

Não quero ser um herói, considerado como alguém que faz coisas especiais; não tenho mais coragem do que a da maioria das pessoas que conheço. Quem me enxerga corajoso ou fora do comum porque eu deixei um mundo melhor ou porque escolhi renunciar a construir uma família minha não somente está errado como também elimina a própria possibilidade de dizer o mesmo sim que nós da Fraternidade da Esperança dizemos todos os dias com a nossa vida. Nada de coragem de super-homem, mas uma escolha lógica de quem aceitou deixar a esperança entrar na própria vida, de quem respondeu a um chamado para que algo de bom acontecesse na vida de muitos. Trata-se simplesmente de amor. 

Hoje um jornalista italiano me perguntou: "De que forma você amadureceu a sua consagração a Deus?". Respondi que foi uma descoberta lenta e cada vez mais clara desde que conheci a pertença à minha Fraternidade, a Fraternidade da Esperança. Na verdade foi a Giovanna, a minha sempre amiga, que me deu a chave de leitura: os Arsenais precisam de pessoas que doem a vida plenamente para serem casas que dão vida e esperança a muitos. Era verdade! É a doação de algo importante de você mesmo que faz a diferença. É o ir além do que parece humano que faz do cristão uma novidade na comunidade. Os Arsenais não são os seus muros, as suas atividades e os pobres que acolhem, mas são as Fraternidades que vivem neles e toda a comunidade que gira ao seu redor e que, juntas, permitem que aconteçam os milagres de acolhimento, de partilha e de paz que estamos acostumados a vivenciar todos os dias há cinquenta anos.

Quantas pessoas puderam beber destes muitos sins desde que nasceu o Arsenal da Esperança? Vocês conseguiriam enxergar o Arsenal sem alguém que doasse a própria vida para dar-lhe vida, para acolher, para estar de prontidão? Vocês conseguiriam imaginar um Arsenal sem voluntários, sem acolhidos, sem uma comunidade ao seu redor? Para que serviria um Arsenal vazio e sem proposta de esperança? É por isso que costumamos convidar quem nos conhece a essa simples doação de si mesmo para os outros. É por isso que incentivamos cada um, com o seu chamado particular, a se dar cada vez mais. É por isso que convidamos você – você jovem, você menos jovem, vocês casais: não tenham medo de ser simplesmente cristãos e de dar vida a novos Arsenais, nas suas comunidades ou aqui conosco na Fraternidade da Esperança. Não é preciso da coragem de quem faz coisas excepcionais, não! Acreditamos em um lento doar-se a Deus para ser simplesmente cristão. Lento sim, mas sem paradas, e divertido e exigente ao mesmo tempo. Não são os muros dos Arsenais ou das paróquias que criam a comunidade, mas é a comunidade que alimenta a vida nas nossas casas.

É com essa visão que podemos dizer que hoje somos uma verdadeira "paróquia" que se deixa ajudar por todas as pessoas de boa vontade que se colocam à disposição e, junto com elas, acolhe quem bate à nossa porta. A quem aceitar esse simples desafio, não pedimos coragem, e sim um envolvimento em um projeto que é muito maior do que cada um – porque é feito por muitos e guiado não por homens. Um projeto que é semelhante ao reino de Deus, que é como a massa que cresce com o fermento, que precisa do seu tempo, muito tempo, mas que cresce ininterruptamente. Quem sabe enxergar com os olhos e com a lógica de Deus sabe ver este além, este crescimento: onde um amigo acolhido acredita ser simplesmente um acolhido, na verdade ele mesmo é agente de acolhida; onde um voluntário acha que é uma simples ajuda, ele é, na lógica de Deus, uma janela de esperança para quem o encontra; onde o funcionário pensa ser como qualquer contratado, é muito mais, é construtor de uma Jerusalém celeste aqui na terra que antecipa o paraíso; onde quem anima com o teatro ou a música é promotor de justiça, quem nos curte no mundo virtual é alimento de paz, quem doa é doação, quem ajuda é dom presente, quem está doente é bênção porque nos ajuda a prestar mais atenção nos outros.

Na prática, quem entra na nossa roda, quem de qualquer jeito mergulha na comunhão do Arsenal, mesmo que ainda não tenha percebido isto, é parte dessa nova maneira de ser comunidade, de ser paróquia, onde todos contribuem para que o outro seja menos triste, para que o outro possa ser mais feliz. Quer ser construtor dessa realidade? Esperamos o seu sim! 

Lorenzo Nacheli (Fraternidade da Esaperança)



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