O território sagrado da leitura...

Pubblicato il 30-09-2016

di ARSENAL DA ESPERANÇA

Hoje, último dia do mês de setembro, encerra-se o Mês da Bíblia. Na semana passada, de 17 a 24, a Leitura Contínua da Palavra nos levou a mais de 30 comunidades, para ler a Bíblia com centenas de pessoas, todos os dias, página após página, sem pular as páginas mais difíceis, confiantes de que a escuta daquela Palavra faz acontecer o que ela diz. Aqui estão algumas impressões de Célia Ramalho, que na semana passada acompanhou vários momentos dessa Leitura.

Notre Dame: “O que vos digo na escuridão, dizei-o à luz do dia; o que escutais ao pé do ouvido, proclamai-o sobre os telhados!” (Mt 10,27).

No dia 20 de setembro, na continuidade da Leitura Contínua da Palavra, fomos ao colégio Notre Dame (Sumaré) encontrar “pequenos leitores” (9,10 anos), surpresa para mim, que já havia me preparado e imaginava que encontraríamos adolescentes.

Era um grupo grande, acompanhado pela coordenadora de pastoral que também nos ajudou com os cantos. Timidamente começamos com algumas crianças que aos poucos, se ofereceram para ler o livro de Lucas, nossa proposta para aquele dia. Logo, várias outras crianças também se entusiasmaram e quiseram ler, o que para mim, que vivo há alguns anos mergulhada no universo escolar, me pareceu ser um caminho bem natural. O que eu não esperava era presenciar crianças acompanhando a leitura com suas próprias bíblias, o que eu não sabia era que ficariam atentas, ouvindo palavras tão difíceis e... em silêncio, prestando muita atenção.

Foi bonito e comovente ouvir: “Moça, eu posso ler também”? e encontrar olhos atentos e curiosos naqueles breves minutos em que estivemos ali, no meio do período de aulas dessas turmas. Então fiquei pensando o quanto aprendi nesse pequeno encontro, o quanto da Palavra de Deus aquelas crianças me disseram, mesmo sem saber, mesmo sem querer...


Heliópolis: Noite de sexta feira, 23 de setembro. Sou convidada a acompanhar o pequeno grupo que vai organizar mais uma etapa da Leitura contínua da Palavra, na Comunidade Sta. Clara de Assis, da Paróquia Sta. Paulina, em Heliópolis.

O ambiente já havia sido cuidadosamente preparado pela comunidade que, na maior alegria, nos esperava com seu pároco. Começamos a leitura e fiquei observando os rostos que estavam ali: homens e mulheres recém-chegados do trabalho, crianças, jovens, idosos, donas de casa que certamente adiantaram o jantar só para estar ali e várias pessoas que chegaram depois.

Nesses dias, em muitos lugares da cidade, muitas vozes foram emprestadas à Palavra, gente que fez questão de ler, mesmo que fosse apenas um trechinho, mesmo que não compreendesse tudo, mesmo que “tropeçasse” em alguma palavra e ali, em Heliópolis, não foi diferente.

Durante a leitura, algumas músicas foram cantadas entre os capítulos, esta foi a única exceção, porque o tempo todo permanecíamos acompanhando e seguindo a leitura em silêncio... Absurdamente em silêncio, que o barulho da rua não foi capaz de interromper.


Quando me dirigi ao pequeno ambão para ler o trecho que me foi solicitado, fiquei pensando que, providencialmente, naquela comunidade foi o único lugar onde eu havia dado a minha voz à Palavra... Imediatamente me lembrei do trecho que já havia sido lido aquela noite: no deserto do Sinai, Moisés admirado com a aparição de um anjo na chama de uma sarça ardente, aproxima-se para olhar de perto e ouve a voz do Senhor: “Tira as sandálias de teus pés, pois o lugar onde te encontras é terra santa.” 

Naquela noite, Heliópolis também havia se tornado um território sagrado: com o tempo de quem estava ali, com a escuta silenciosa, com a vontade de querer participar, com as dores que cada um carrega e que foram esquecidas por duas horas, com os sorrisos, com os olhares... Sim, um território sagrado, onde cada um que ali estava talvez não saiba, mas naquela noite, continuou a liturgia do domingo passado, fez uma corajosa experiência de fraternidade, ajudou a construir um pedaço do Reino de Deus aqui na terra através da simples escuta da Sua Palavra, foi capaz de sentir e permanecer no amor de Deus.

Eu não sei o nome de quem estava ali, mas posso me lembrar dos rostos, dos sorrisos, do amor presente naquela comunidade e sou imensamente grata a Deus e a cada um que ali estava, pela oportunidade desse encontro. 

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