Por favor, roubem o nosso segredo...

Pubblicato il 27-02-2014

di ARSENAL DA ESPERANÇA

A "restituição" è a nossa forma de financiamento. Cada obra e cada serviço aos mais pobres é fruto da nossa restituição e da de tantos amigos que nos querem bem...

Parecer diferente, particular ou único é simples e pode ser até barato. Pode-se escolher usar uma roupa chamativa, uma maquiagem marcante; há quem escolha pintar o cabelo, quem treine na academia, quem faça do próprio corpo uma tela para artistas diferentes, usando a pele para exibir tatuagens. Existem inúmeras formas de enfeitar ou de modificar o próprio corpo para parecer, sem sombra de dúvida, único. Mas parecer nem sempre é ser. Ser é diferente, ser de verdade é algo que se aprende no dia a dia, junto com quem está ao nosso lado, olhando olho no olho, confiando.

Desde que entramos no primeiro Arsenal de Turim, em 1983, nos encontramos em uma situação particular: a desproporção. Um pequeno grupo de jovens sem dinheiro no bolso – e naturalmente nem no banco – conseguiu uma façanha: convencer as instituições da cidade de Turim e da Itália a lhe ceder o prédio mais antigo da fábrica de armas do bairro de Porta Palazzo. O sonho era o de transformar o mundo em um lugar de paz, partindo de um lugar que foi de guerra. Mas com qual dinheiro esses jovens idealistas iriam reformar aqueles muros que estavam caindo aos pedaços? Era necessária uma estratégia ao mesmo tempo eficiente, honesta e profundamente cristã.

Não havia como reformar aquele espaço com o dinheiro de poucos jovens. Era preciso pedir ajuda, dinheiro, mãos amigas, suor, inteligência e competências, que só podiam chegar pela generosidade de muitos. Tínhamos que confiar nos outros, mas os outros também tinham que ter plena confiança em nós. Entrando naquelas ruínas onde já haviam sido construídos e armazenados canhões, bombas e fuzis, assumimos também a responsabilidade e o dever de prestar contas de cada gota de suor, de cada serviço, de cada projeto fornecido gratuitamente, de cada material doado. Para nós, uma coisa era clara: não se podia brincar com o dinheiro e com a disponibilidade da providência! Por isso, o esforço maior deveria ser nosso e de todos os que estavam perto de nós.

O dinheiro doado para os mais pobres acolhidos no Arsenal e para os amigos nas missões não financiava o funcionamento da nossa estrutura, o nosso transporte, a nossa alimentação, as nossas ligações, os salários de quem trabalhava conosco; para essas questões tínhamos que encontrar outros benfeitores. Por isso, desde o começo a palavra de ordem era transparência: se alguém doasse cem liras (ainda não existia o euro) para as crianças da África, esse dinheiro deveria ser utilizado 100% a favor das crianças africanas; se alguém doasse uma grande quantia para os missionários no Brasil, isso deveria ser respeitado plenamente. Nós nos comprometemos a ter um grande respeito para com os mais pobres e para com quem nos ajudava a ajudá-los. Respeitar o que nos era doado, usando-o bem, de maneira inteligente e sem desperdício, se tornou uma paixão para nós. Quantas vezes vi o Ernesto apagando uma luz inutilmente ligada ou controlando que nenhuma torneira fosse deixada aberta...


Nada mudou. Essa filosofia aprendida na marra no começo do primeiro Arsenal ainda hoje é assim e se tornou um dos nossos segredos. Mas, ao contrário da Coca-Cola que tranca seu segredo a sete chaves, o nosso segredo é patrimônio da humanidade e abertos a todos. A sobriedade é a regra que fala mais forte. Todos na Fraternidade da Esperança (os monges e as famílias) procuram um trabalho, um sustento ou amigos que os adotem para ajudá-los a pagar as próprias despesas. Também os voluntários procuram fazer o mesmo. Nenhum deles acha que pelo serviço prestado a instituição deve dar as refeições de graça ou oferecer privilégios e regalias. Os privilégios, mesmo se limitados, são para quem não tem nada. Quem come no Arsenal paga as próprias refeições, e assim também contribui para ajudar quem não tem condições de colaborar economicamente. Também quem é acolhido tem espaço para contribuir com aquilo que pode, principalmente respeitando os ambientes que lhe são oferecidos, mas também fazendo voluntariado ou simplesmente frequentando o bazar. A todos é pedida uma participação nos gastos da casa. Às visitas se pedem mantimentos; aos colégios, às escolas e às paróquias, nunca falta o nosso apelo para colaborarem promovendo campanhas de arrecadação de produtos de higiene, roupas e alimentos.

Na prática, a escolha de ser fiel tutor de tudo o que é doado – dinheiro, objetos, competências, tempo, práticas profissionais, restituição – é o que permite aos Arsenais ficarem abertos 24 horas por dia. Essa continua sendo a nossa marca registrada e uma das características do nosso ser. É a nossa riqueza. 

Para concluir: decidimos ser verdadeiros, ter uma só cara. Decidimos que era mais importante ser que parecer. Não queríamos ser uma entidade que se maquia bem para parecer bacana e atrair investimentos, mas onde quem se aprofunda descobre um banquete farto para todos, até mesmo para quem não precisa; não queríamos ser uma campanha publicitária, uma organização conhecida no mundo todo, mas pouco transparente. Queríamos ser desde sempre uma Fraternidade que mostra o caminho. Hoje a nossa maneira de financiamento se tornou um estilo de vida para nós, para os nossos amigos e para os nossos voluntários, tornou-se o segredo que todo mundo pode roubar. Quem rouba este segredo não vai ter medo de ser e vai descobrir que quem é também parece.

Questo sito utilizza i cookies. Continuando la navigazione acconsenti al loro impiego. Clicca qui per maggiori dettagli

Ok