UM PRESÉPIO que não é “de plástico"

Pubblicato il 27-12-2012

di ARSENAL DA ESPERANÇA

O presépio está pronto! Um grupo de pessoas se aproxima para admirar os grandes quadros pintados a mão, bem iluminados, no centro do Arsenal da Esperança, em São Paulo. Muitos ficam observando cada detalhe com admiração.

Essas pinturas são o resultado de dois meses intensos de trabalho. Tudo começou quando conhecemos melhor o J., que há alguns meses encontrou acolhida no Arsenal. Ele nos dizia: "Eu sei desenhar!". Sabíamos que algumas dificuldades tinham comprometido a sua vida e que agora ele lutava para resolvê-las.

Uma tarde, ele começou a desenhar em uma folha de papel alguns rostos desfigurados que, segundo o que ele nos dizia, habitavam continuamente os seus pesadelos. Eram rostos cheios de dor, desenhados com traços e pinceladas fortes. "Nunca frequentei uma escola de arte, mas desenhar sempre me ajudou a esquecer o sofrimento que eu vivia...". Seus desenhos impressionavam a todos nós.

Nasceu, então a proposta: "Faltam poucas semanas para o Natal, por que você não desenha a cena do nascimento de Jesus?". J. nos confessa que nunca desenhou imagens sacras, mas seus olhos se iluminam e ele aceita.

Em um depósito de lixo, um de nossos acolhidos encontra grandes portas de madeira, as coloca sobre os ombros e as leva ao Arsenal. Parecem as telas perfeitas para pintar quadros com os personagens do presépio. Com alguns carrinhos, fomos pegar todas e levá-las direto para a sala de arte. Para as tintas, fizemos uma coleta entre os voluntários e, depois de as termos preparado, as nossas tábuas estão finalmente prontas.

Neste momento, inicia-se a fase do desenho. J. começa a traçar os contornos, que devagar tomam forma e se tornam expressões, roupas e paisagens. Ao redor dele, muitos outros jovens que vivem conosco ficam fascinados por sua habilidade e permanecem durante horas olhando-o desenhar. Acontece assim que alguns dizem: "Posso ajudar também?". Muitos querem aprender, ajudar e, em um curto espaço de tempo, forma-se um grupo com cerca de 15 pessoas que passam dias inteiros pintando.

Começa, no entanto, a verdadeira "batalha" contra os pensamentos mais sutis: "Muitos grandes artistas, para criar as suas obras, usavam drogas ...". Muitos riem, concordando. Aquilo soa quase como uma justificativa para aqueles do grupo que usam álcool ou drogas. Porém, um rapaz levanta a voz e diz: "Essas obras  podem até ser bonitas, mas são uma beleza de plástico. Nunca poderá transmitir o olhar de Deus através daquela obra”. Nasce assim um novo desafio: "Por que não tentar, durante a preparação do presépio, não usar drogas?". Todos concordam, sérios. Serão no total dois meses de trabalho. Para muitos, uma eternidade! Cada dia traz o desafio de recomeçar, de não desistir. Um encoraja o outro. O grupo aumenta...

O primeiro painel a ficar pronto representa Maria. Mas é uma Maria especial, é a "Aparecida". É negra, com olhos grandes e transparentes. É talvez a primeira vez que esta representação de Nossa Senhora faz parte de um presépio. Depois também José fica pronto, e em seguida o menino Jesus na manjedoura. Todos têm os mesmos olhos grandes, o mesmo olhar intenso que vai direto ao coração.

Um pedreiro amigo, que está de férias, constrói o piso de tijolos e nos ajuda a instalar todos os painéis. Enquanto isso, um outro grupo se ocupa da construção da cabana.

O presépio está pronto! É dia 8 de dezembro, Festa da Imaculada Conceição e também da Fraternidade da Esperança. Durante a tarde, tivemos a alegria de celebrar a Missa no Arsenal com o nosso pároco e com toda a comunidade. Centenas de pessoas, ao entrar no pátio, ficam encantadas diante deste presépio. Elas sentem que não é de plástico, mas fala de um Deus que se fez carne e nasceu verdadeiramente em meio a nós. J. agora dá autógrafos, sorridente.
Marco Vitale
Fraternidade da Esperança

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